Fantástico aporte Eugenia.
Destaco de tu intervención tu alusión a la negativa de seguir en un paradigma educativo que reproduzca contenidos sustituyendo a éste por uno donde se reflexione de forma crítica sobre estos contenidos. Es inevitable la entrada de tecnología en la vida cotidiana de los aprendices, sería idóneo utilizar ese dominio tecnológico en propuestas pedagógicas, la sociedad se encuentra cada vez más digitalizada y se requieren competencias tecnológicas cada vez más amplias.
Eugenia e colegas,
Lendo os depoimentos de vocês, me lembrei de um "conceito" do educador brasileiro Tião Rocha:
"TIC X TAC" - as Tecnologias da Informação e da Comunicação por si só, não são a solução das demandas de nossa sociedade atual. O ideal seria junto às TIC, as TAC: Tecnologias de Aprendizagem e Convivência. Aprender juntos e re-aprender a conviver!
Prezada Eugénia, também comento a tua consideração com um textinho.
E com um fraterno abraço.
José Pacheco
escola.com
O jovem “teve mau comportamento” e a professora pô-lo “fora da sala de aula”. Tão discreto quanto me era possível ser, observei o deambular do jovem pelo pátio da escola. Não tardou a interpelar-me, fones nos ouvidos, celular de última geração premido entre polegares:
Aqui tem aifai?
Queres dizer Wi fi? – perguntei.
Então você não sabe o que é aifai…? – retorquiu com um esgar de desdém. E encaminhou-se para a biblioteca vazia, de onde seguiria para o gabinete da diretora.
Os jornais anunciam que os alunos podem aprender em casa, acessar sites contendo os conteúdos que o professor daria numa aula. Se os alunos dispõem de livros e de Internet, por que terá de ir ouvir aula na escola? Para socialização! – Bradam os teóricos de serviço. Mas de que socialização estarão a falar? De alunos postos fora da sala de aula, castigos, expulsões? De builyng? Entre a “socialização” das escolas que ainda temos e a “socialização” de monstrinhos de tela de computador, que venha o diabo e escolha.
Salman Khan recebeu um pedido dos seus jovens primos, que nada entendiam da Matemática escutada nas aulas dadas por professores. Os primos de Khan moravam longe e não restava outra solução, se não a de recorrer ao YouTube. As aulas de Khan, “dadas” através da Internet, foram um sucesso. Em aulas com cerca de vinte minutos de duração, os primos compreendiam os temas de Matemática, que, em cinquenta minutos, um professor não conseguia fazer compreender.
A fama das aulas do Khan correu mundo e o site das aulinhas foi sendo utilizado por milhares de estudantes. Com um milhão e meio de dólares, que Bill Gates lhe ofereceu, Khan fundou uma academia digital. Eu estive lá e, ao vivo, pude compreender o drama educativo: as novas tecnologias têm servido para congelar aulas num computador, aulas que os alunos skinerianamente consomem, sem resquícios de cooperação com o aluno vizinho, dependentes de vínculos afetivos precários estabelecidos com identidades virtuais.
Algumas escolas se vangloriam de oferecer tablets aos alunos, instrumentos que contêm tudo aquilo que precisam pôr nas provas. E, no mundo virtual, muitos jovens consomem informação, escapando de acordar de madrugada e obrigar os progenitores a sofrer no caos do trânsito, para os levar à escola, onde assistiriam a aulas com hora marcada. Longe do edifício-escola e a qualquer hora, perambulam por sites, numa aprendizagem solitária idêntica à das monótonas aulas de cinquenta minutos.
Na verdade, Khan não está sozinho: a Internet é generosa na oferta de informação sob a forma de vídeos, ou de outros recursos. Basta carregar no enter, que o mister Google atende. Basta clicar para repetir, até que a matéria seja compreendida. Tudo aquilo que um professor pode “ensinar” numa aula está plasmado, de modo mais atraente, na tela de um computador.
Reencontrei o moço do “aifai”, sentado no “laboratório de informática”, no cumprimento de (nas palavras da diretora) uma “suave punição”: terá de refletir sobre os seus atos! Suave? Ou pura crueldade? Durante quase uma manhã inteira, o solitário moço do “aifai” sofreu a tortura de ter dezenas de computadores à sua volta e não lhes poder tocar.
E agora, José? – Perguntarão os professores que dispõem de lousa digital e de acesso à Internet. Iremos instalar-nos em novas fórmulas de mesmice? Dispondo de novas tecnologias de informação e comunicação, iremos replicar aulas congeladas no YouTube e em tablets? Quem as escutará? Será possível usar o digital ao serviço da pessoa? Terá chegado o tempo em que as escolas, usando inteligentemente as novas tecnologias, se humanizarão?
Entre a escola de dar aula e a Internet de dar aula, haverá uma terceira via?
Acredito na terceira via, por isso estamos aqui debatendo e refletindo.
De fato, não se trata de digitalizar o ensino tradicional, tampouco "equipar" antigas propostas, falta de engajamento e verdadeira reflexão sobre o papel que temos e podemos desenvolver - aprendentes, educadores, família, comunidade... - no processo de aprendizagem. Processo esse dentro do contexto de outro paradigma, do novo paradigma... rumo à terceira via.
Abraços
Fico grato, amiga Juliana, pela tua participação e ajuda a um velho professor que se atrasa na sua tarefa de casa...
Recebe o meu fraterno abraço.
José Pacheco
Professor,
O importante é contar com suas valiosas contribuições, sempre em tempo :)
Obrigada!
Prezada Eugénia, continuo de acordo com as tuas considerções. Mas, na verdade, as escolas mantêm a prática da reprodução de conteúdos, deixsndo pouco espaço para a reflexão e para a produção de conhecimento. As escolas que ainda temos permanecem cativas de rituais obsoletos, enquanto se enfeitam com laptops.
No Brasil, assistimos à perpetuação de uma gestão centralizada do sistema, impedindo que as escolas assumam a dignidade da autonomia e se constituam em elementos orgânicos de comunidades de aprendizagem. Temos escolas burocratizadas, democraticamente diminuídas, que tratam os alunos de modo uniforme, sem atender a necessidades individuais e à especificidade dos contextos sociais onde estão inseridas.
Enquanto a comunicação social faz eco de discurso de políticos, advogados, engenheiros, médicos e outros leigos, que nos falam de desenvolvimento sustentável e dos saberes e competências necessários para fazer face a um mundo incerto e em mudança acelerada, os profissionais da educação reproduzem práticas fósseis, tributárias de necessidades sociais do século XIX. Nas escolas que, desgraçadamente, ainda temos, reproduz-se um modelo de sociedade hierarquizada, pouco democrática, que reforça e legitima as diferenças da origem social e cultural.
Subitamente, as escolas foram acometidas de uma febre consumista, apenas debelada pela substituição do livro didático de cada aluno pelo laptop de cada aluno. E os patrocinadores desses desmandos foram seduzidos pela invasão, em velocidade de “escala”, de mais uma moda vinda do Norte. Quando existe uma oportunidade de introduzir novas tecnologias em escolas, que geram alternativas à velha “escola prussiana” (expressão utilizada por Salman Khan, para designar a escola feita de turmas, aulas etc.), acriticamente se inunda salas de aula de computadores. Ao invés de apoiar projetos efetivamente alternativos em escolas que já abrem caminhos para a criação de comunidades de aprendizagem, há quem fomente e reforce a prática de um ensino gerador de individualismo, através da injeção de tablets no quotidiano da escola da mesmice em versão digital.
Recebe o meu preito de gratidão pela excelente participação neste fórum.
E o meu fraterno abraço.
José Pacheco
Amigos do Equipo Fund. Telefónica ESPAÑA,
Fico grato pelo vosso oportuno comentário. Permiti que vos responda com um textinho, que abaixo reproduzo. E que também ofereço à Eugénia e ao Óscar.
Recebei o meu fraterno abraço.
José Pacheco
No contexto escolar, talvez a coerência assuma a forma de fidelidade a princípios. Porém, em nome da verdade se diga que valores abundantes no discurso pedagógico raramente se traduzem em atitudes, talvez por não serem passíveis de concretização no contexto de uma sala de aula. Por exemplo: se o professor tem dever de obediência hierárquica, se não é autônomo, como poderá educar em autonomia? Ninguém dá aquilo que não possui. Se a autonomia é algo que se exerce em relação a outrem e o professor está sozinho na sala de aula, como poderá ensinar autonomia? O professor não ensina aquilo que diz; o professor transmite aquilo que é.
A mudança das instituições processa-se a partir da transformação das pessoas que as compõem e mantêm. Se o professor pretende despertar sentimentos de respeito ou de responsabilidade nos seus alunos, precisa colocar esses sentimentos nas suas atitudes. Por que ficar entre o discurso da mediocridade e a linguagem do génio, por que ficar no meio-termo? Schweitzer foi coerente: abandonou o conforto da cidade, foi selva adentro e consumou ideais.
Cortázar escreveu que uma ponte só é verdadeiramente uma ponte quando alguém a atravessa. Tão importante como escutar uma palestra ou ler um livro é escutar-se, escutar a si próprio, verificar a coerência entre o ato e a teoria. E saber fundamentar aquilo que se faz, assumindo compromissos. A teoria converte-se em ação, quando assumida em situações reais.
Precisamos de menos visionários e de mais coerência praxeológica. Dizia Kurt Lewin: teoria sem prática é viajar no vazio, prática sem teoria é viajar no escuro. Sabemos que a pedagogia age numa fronteira ténue entre intenção e gesto, pelo que não deveremos preocupar-nos apenas com grades curriculares – estejamos atentos aos modos de trabalho, que deverão considerar o ambiente social em que o aluno vive. A escola é apenas um momento da educação; a casa e a praça são os verdadeiros estabelecimentos pedagógicos,dizia-nos Pestalozzi. Não nos esqueçamos da necessidade de harmonizar valores do projeto escolar com os valores do projeto familiar (mesmo que ninguém o tenha escrito…).
Se nos lares e nas ruas escasseia a tranquilidade e a reflexão, como pretender que os nossos alunos se mantenham quietos e calados? Se há professores que atropelam-se ao falar e sussurram ao pé do ouvido do colega do lado, como poderão exigir dos seus alunos o levantar a mão, para solicitar a sua vez de falar? Essa postura de cidadania básica não é comum no decurso de reuniões de professores...
A velha história é contada assim: Aquele barco a remos fazia a travessia de um rio. Num dos remos, tinha escrita a palavra acreditar; no outro, a palavra agir. O barqueiro explicou porquê. Usou o remo, no qual estava escrito acreditar, e o barco começou a dar voltas, sem sair do mesmo lugar. Depois, usou o remo em que estava escrito agir e o barco girou em sentido oposto, sem ir adiante. Quando usou os dois remos, num mesmo movimento, o barco navegou até à outra margem. Não “remou contra a maré” ou ao “sabor da corrente”. Uniu duas margens pelo impulso da escolha que lhe imprimiu um rumo coerente
Muchas gracias José por tu aclaración tan gráfica y a la vez alentadora. Rescato de tu intervención la alusión al fomento de la autonomía en el alumno ejerciendo el autoritarismo y estableciendo jerarquías. Definitivamente en los sistemas educativos nos falta más predicar con el ejemplo y no quedarnos en sólo teorizar.
Un fuerte saludo y nuevamente gracias.
"Minha Escola" esta localizada no Nordeste do Brasil, numa região muito seca (Bioma Caatinga) e também por isso recebe atende educandos pobres ou muito pobres e mais grave ainda, pobres de noção de cidadania e pouca inserção no processo de Gestão Escolar. Estando atualmente ocupando o cargo de Gestor, procuro de todas as formas envolver todos da comunidade e que cada um assuma um papel protagonista. Não é fácil, mas temos avançado, já temos na gestão a consciencia de que todos são GESTORES. E que todas as decisões são tomadas em conjunto com a comunidade. Os passos são dados aqui de maneira radical, um exemplo: a rede wireless é aberta a todos, não há senha de acesso e os professores são provocados a avançar no uso de recursos avançados em comunhão com os educandos. Os educandos provocam educadores no uso de tecnologias, a cada dia se reduz a "entrega" de trabalhos impressos e cresce o numero de trabalhos em slide e/ou comentários em redes sociais como recurso didático. Este é um caminho? Claro que não sabemos, mas de alguma forma estamos, como afirma o Professor Português José Pacheco, estamos desobedecendo quando usamos telefones/smartfone/tablet/ipod (...) em sala de aula.
Saludos Francisco,
"Concienciarse de que todos somos gestores" Esa es una de las claves del éxito en la gestión educativa. La situación de centro que narras es expléndida, conseguir involucrar a toda la comunidad en la iniciativa de vuestro centro enriquece el cambio educativo.
Un saludo.
Oi Francisco, que bonito depoimento! Inspire-se mesmo de iniciativas como a do Projeto Âncora. Acredito que a melhor maneira de envolver a comunidade na escola e fazer com que ela participe, verdadeiramente, de sua construção político-pedagógica.
Como fazem para envolver a equipe de educadores da escola nas questões da comunidade?
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