Uma boa surpresa, prezado Francisco. É mais uma prova de que acontece inovação fora dos grandes centros. E que não se trata de enfeitar a velha escola com novas tecnologias...
Quando puder fazer um "desvio", numa das minhas viagens ao Nordeste, poderei visitar-vos, para convosco aprender?
recebe o meu fraterno abraço.
José Pacheco
Professor José Pacheco, obrigada por compartilhar conosco o "Dicionário de Valores"!
Autonomia, beleza, coerência, desapego, esperança, felicidade, gratidão... responsabilidade, solidariedade, tolerância... são valores que devem ser trabalhados diariamente num espaço de aprendizagem. Em um único dia temos muitas chances de refletir sobre eles com nossos aprendentes, que "levam para casa" o que está sendo vivenciado nas escolas ou outros espaços... gosto também do termo "comunidades de aprendizagem".
Querida Juliana,
Faço uso de metáforas, pois elas permitem que cada leitor faça a moral da história... E toda a educação assenta em valores. Urge lembrá-lo!
Recebe o meu fraterno abraço.
José Pacheco
Professor José Pacheco,
Nos projetos por onde passou, e agora no Âncora, como se dá o processo de participação das famílias dos alunos nas decisões do espaço educativo? Quais são as etapas, se é que podem ser descritas, de uma participação "desde casa", até efetivamente se apropriarem do espaço e participarem das decisões juntamente com o coletivo de educadores e gestores da escola?
Querida Julliana,
A escola do Projeto Âncora já tem Associação de Pais. Não uma "associação de pais e mestres", mas uma figura jurídica, que permite aos pais serem verdadeiros interlocutores da escola, do poder público, de qualquer agente educativo. Desse modo, a associação e a colaboração entre pais e mestres acontece numa base de parceria plena, igual na diferença, na complementaridade. Mas a intenção no Âncora é a mesma que na Escola da Ponte. Isto é: entregar a gestão da escola à comunidade. Não faz sentido que um espçao público seja dirigido por professores. A Escola da Ponte é uma escola pública autônoma. Assumiu a dignidade de um projeto de equipe, numa escola comunitariamente integrada, numa relação não-hierárquica com o ministério, na resp+onsabilidade poelos efeitos de um projeto de educação integral. No Conselho de Direção, os professores são minoria. São membros da comunidade (à qual a escola pertence) quem decide.
Além disso, os tutores estabelecem uma relação com as famílias dos seus tutorados, que gera vínculos duradouros e cooperação. Os pais podem encontrar-se com os tutores a qualquer hora de qualquer dia. E, se alguns dos problemas sentidos na escola têm origem social, a sua resolução é encontrada COM a comunidade, responsabilizando-a...tal como os projetos, que partem de necessidades, desejos, sonhos da comunidade.
A concepção e desenvolvimento de um projeto educativo é um ato coletivo, tem sentido no quadro de um projeto local de desenvolvimento, consubstanciado numa lógica comunitária e pressupõe ainda uma profunda transformação cultural. Definida a matriz axiológica de um projeto, será conveniente que as escolas elaborem termos de autonomia, compreendam que o currículo é a comunidade.
Escolas não são prédios, são pessoas e espaços de aprendizagem. A escola é espaço-tempo de relações sociais. E a inclusão escolar é também social. As famílias têm dificuldade em conceber uma escola diferente daquela que frequentaram quando alunos mas, quando esclarecidas e conscientes, aderem e colaboram.
Recebe o meu fraterno abraço.
José Pacheco
Gostaria de dar as boas vindas ao professor José Pacheco, que está agora conosco no Encontro Internacional de Educação.
É uma grande oportunidade de interlocução!
A jornada do professor Pacheco é pura práxis pedagógica, como ele mesmo já chamava a prática da Escola da Ponte, em entrevista concedida ao jornalista Ernesto Paglia em 2003, aproximadamente.
Se a pergunta deste Encontro é "Como deve ser a educação do século XXI?", a trajetória de J. Pacheco fala por si.
Para este educador que se inspira nos educadores brasileiros; Paulo Freire, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro; a educação do século XXI começou no século passado, numa escolinha do Porto, como ele conta na excelente apresentação que fez no TEDX da Unisinos, disponível aqui neste ambiente.
Mas, como ele mesmo diz: falemos do Âncora. O Âncora existe aqui entre nós. É o "filho" brasileiro de uma proposta construída a muitas mãos e onde, em pouco tempo de prática, gestores e estudantes se misturam e co-operam!
E aproveitando a práxis...façam perguntas...esta é a chave para a interlocução com o genial e experiente professor José Pacheco!
Amigos,
Fico grato pelas vossas palavras (de que não me julgo merecedor, mas aceito) e disponível para ajudar em tudo aquilo em que puder ser útil.
Recebei o meu fraterno abraço.
José Pacheco
Olá e hola a todos os presentes, professores: Eugenia, Oscar Antonio, Francisco Romildo, Equipe Espanha e Juliana da Equipe Brasil.
Respondendo a questão proposta pelo fórum - como os professores podem desenvolver, acionar e comunicar um projeto comum em sua escola...partimos de um aspecto muito significativo que é a motivação.
Geralmente a motivação parte de um indivíduo e para ir adiante precisa ecoar em outros indivíduos para que algo realmente seja ativado.
Restos mortais ou nem tanto de nossa, ainda vigente, prática pedagógica do século XVIII, construída com base no individualismo e na competição, muitas vezes nos impede de reconhecer uma ideia brilhante quando esta não sai de nossa própria mente ou da de um chefe, de forma impositora.
Para que isso não nos impeça de reconhecer oportunidades brilhantes de avançar na construção de um outro mundo possível, é bem importante que a transformação comece dentro de nós mesmos, através de um processo de auto-conhecimento e auto-análise pessoal e profissional.
Mas se você é uma pessoa analisada, ainda que por você mesma, pule a parte anterior e vá direto ao ponto: como tornar uma ideia brilhante de projeto, num projeto em ação...e isso não é nada fácil, mas pode ser muito divertido.
Lembro-me bem da fala do professor José Pacheco, nas inúmeras vezes que tive o privilégio de ouvi-lo, contando como eram os encontros de planejamento dos professores da Escola da Ponte: num restaurante ou em outro local agradável, mesmo na escola, em redor de uma garrafa de vinho, onde também houvesse boa música.
O prof José também conta que logo que começou a conversar com os pais dos alunos da Escola da Ponte, no começo de tudo, a compartilhar as transformações e inseri-los no processo, esteve à casa dum pai que logo que o recebeu, colocou à sua frente um grande caneco de vinho. Como não consumia álcool o professor José olhou o caneco, mas continuou a falar-lhe. O homem então bebeu todo o conteúdo de seu próprio copo e encheu um pouco mais o copo do nosso interlocutor, que já encontrava-se cheio, olhou para o professor, olhou para o copo...O professor José conta que não teve dúvidas, virou o copo todo e lembra-se somente do sorriso do homem à sua frente, pois depois disso, diz que não lembrou-se mais de nada! No dia seguinte, na escola, junto com uma baita dor de cabeça encontrou o pai que visitara, sorriso aberto, pronto a apoiar o que fosse que a escola estava a propor!
Espero que professor Pacheco não se incomode com minhas referências, mas ambas as histórias remetem a um ambiente de troca e calor humano, um ambiente de humanidades e cultura, de reconhecimento do outro e respeito ao humano por trás do ofício, o que me remete a outra frase dele mesmo, presente nesta entrevista tão antiga, que insisto em relembrar, tamanha sua preciosidade para mim. Ele diz: "Quando uma criança chega a Ponte, não nos preocupamos em ensinar-lhe o que quer que seja, preocupamos-nos em saber QUEM está ali".
Todas estas citações referem-se ao necessário uso do conhecimento das humanidades a caminho do desenvolver de um projeto. Todas as ferramentas que temos serão úteis partindo da premissa maior que é o reconhecimento do humano.
Da mesma forma comunicamo-nos com nosso entorno, "virando" um caneco de vinho, ou como fazem os médicos de família e também alguns professores da metodologia Novo Telecurso quando um aluno falta ou tem problemas, vamos à casa dele. ir até a comunidade e não esperar que ela venha até a escola é o destino de quem quer verdadeiramente tornar possível um outro mundo!
Deixo esta contribuição, na perspectiva de animar ainda mais este rico debate.
Querida Ana,
Permite que, na tua pessoa e através e mais um textinho do "Dicionário", homenageie os maravilhoso educadores que o Brasil possui... e desconhece.
E recebe o meu fraterno abraço.
José
Recebi um email vindo de uma professora: Querido amigo, um aluno da nossa escola foi assassinado. Quando se trabalha na periferia é de se esperar que alunos envolvidos no tráfico tenham esse fim, não é mesmo? Porém, o Juan não era esse tipo de menino, era um bobão. Ele provocava a ira de seus colegas e sempre apanhava, nunca batia. Era esse tipo de brigão, que queria mesmo era ser visto, pelo menos. A morte dele foi um golpe que nunca imaginei pudesse doer tanto. As notícias que temos é de que "foi morto por engano, parecia-se com um traficante". Dezesseis anos de um grande engano! Já fui ao enterro de dois jovens, que foram meus alunos. Na segunda-feira, a vida continua e na escola temos outros Juans, que estamos ajudando tão pouco! Só me sobra a dor. E estas palavras, que de nada valem.
Sei que há quem tente escamotear a morte, se quem morreu foi dispensado em horário de aula, por falta de professor, e acabou sendo morto… por engano. Mas também sei que há educadores indignados, que exigem ações públicas promotoras de paz e segurança. Sei que o Brasil da educação está a gestar humanidade, que a velha escola há-de parir uma nova educação. Eu sei!
O Dia Internacional da Paz foi instituído em 1981. A Assembleia das Nações Unidas decidiu, por unanimidade, proclamar esse dia como um dia mundial de não-violência, convidando os povos, organizações e nações a desenvolver práticas da paz em uma data comum, embora a construção de uma cultura de paz seja um processo contínuo. Por vezes, para ter paz, é necessário incorrer no paradoxo de a reclamar na rua, como fizeram os povos do Egito, da Tunísia, da Líbia. Melhor fora que, no Brasil, tal não fosse preciso fazer… mas será preciso assumir uma estratégia de não-violência, seguir os princípios do mestre Gandhi: é possível lograr a paz através de uma “teimosia pacífica”.
A escola e a família podem exercer grande influência na formação da pessoa, mas a decisão final depende da pessoa. É uma prática cultural voluntária, fruto de opções. É bem conhecida a história que um velho índio contava ao seu neto. Falava de um combate entre dois lobos, que vivem dentro de todos nós. Um é mau, o outro é bom. O neto perguntou: Qual o lobo que vence? O velho índio respondeu: Aquele que você alimenta.
Outro email chegou, trazendo notícia de mais uma tragédia: Estou arrasada! Mataram mais um dos nossos meninos! O Emersom tinha 15 anos, mas parecia ter 10, naquele caixão. Ele era só uma criança perdida. Na escola era um bom menino, mas na vida não teve opção! Eu sinto que a família dele falhou e que não falhou sozinha. Mas ele pagou o preço sozinho! Foi mais um drogado retalhado a faca. Ninguém se importou, nem vai se importar. Me senti impotente, naquele velório. Eu fiz tudo o que estava ao meu alcance, mas não foi suficiente. Ele já estava marcado para morrer. Peço a Deus para me tirar esse amargo do meu coração e me dar força para continuar lutando por essas crianças. Me ajude!
Saludos para tod@s.
Actualmente vivimos en una sociedad, llamada SOCIEDAD DEL CONOCIMIENTO, en donde todos, debemos estar conectados y comunicados. Por ello, es preciso que todos y todas debemos participar en la construccion de los cambios y mejoras que esperamos ocurran en cada una de nuestras sociedades. Especificamente, podria afirmar que, en Perù, se estan viviendo un momento especial, en donde nuestra educaciòn se ha planteado un proyecto de mejora de la educacion. El proyecto se llama PEN (Proyecto Educativo Nacionalo). Este proyecto tiene un alcance al 2021. En este proyecto, estamos participando la mayoria de peruanos, haciendo que sus objetivos sean plasmados tambien en las escuelas y aulas.
Ahora bien, aterrizando en nuestros centros educativos, tambien se pueden desarrollar proyectos, en donde la participacion de los agentes comprometidos con la educacion tengan una participacion directa con los proyectos innovadores. Tal es asì, que en Perù, actaualmente se viene desarrollando los llamados Proyectos Colaborativos, en donde se comparte informacion y conocimiento, buscando calidad y trscendencia del proyecto.
-Para ser claros, la comunicacion de la escuela con su entorno es muy limitada, prueba de ello es que, los padres de familia, empresas o comunidad en general no participa impulsando el desarrollo de la escuela local, regional o nacional, inclusive, en Perù, en mucho casos no hay comunicacion entre escuela y padres de familia. Por ello, el fracaso escolar en muchas instituciones educativas.
Muito bom Eladio,
Grande iniciativa do Perú na melhora da educação.
Aqui em Brasil também temos Parâmetros Curriculares Nacionais excelentes, e há também esforços para a melhoria da educação, mas também vivemos dificuldades na comunicação externa e interna das escolas (tema apresentado hoje neste encontro por Maria Jesús Mata).
O professor José Pacheco vem trabalhando aqui no Brasil, no Projeto Âncora para trazer a comunidade para dentro do Centro Educativo e o Centro para a comunidade.
Assim é onde trabalho, embora esta comunicação esteja em construção. Mas depois de dois anos de trabalho, já percebemos mais permeabilidade da comunidade às mudanças realizadas na escola.
Prezado Eládio,
Fico feliz por saber que também no Perú se tenta fazer dos jovens seres mais sábios e pessoas mais felizes, através de projetos, através das escolas, buscando vias de comunicação entre a escola e as famílias. E fico grato por todo o esforço feito nesse sentido. Gratidão que, de modo imperfeito, manifesto através de mais um textinho.
Recebe o meu fraterno abraço.
José Pacheco
A Escola Z acolhe alunos oriundos de bairros sociais e favelas, jovens castigados pela fome e por outras violências, crianças expulsas de outras escolas. A violência vivida pelos alunos que esta escola acolhe é caraterística de uma sociedade excludente, que, infelizmente, muitas escolas ainda ajudam a reproduzir. O projeto (escrito) da Escola Z consagra valores, cuja prática opera o resgate daquilo que torna os seres humanos mais humanos. A práxis da Escola Z permite aos seus alunos partirem do zero em comportamento para a nota dez em humanidades.
Diz-nos o dicionário que valor é preceito ou princípio moral passível de orientar a ação humana. Mas, se a Escola foi criada para reorientar a ação humana, para ser um berço de igualdade social, um modelo de escola obsoleto e hegemônico, transformou-a num obstáculo ao desenvolvimento humano. Hoje, são visíveis sinais de que a velha escola está prestes a parir uma nova escola. E de que, neste processo, os educadores mais sensíveis sentem com mais intensidade as dores do parto.
A Escola Z é nota dez na vivência de valores. A vivência dos valores enforma o caráter, projeta-se nas atitudes. Os educadores que nela operam felizes transformações desenvolvem uma “ética universal do ser humano”, como diria o saudoso Paulo. A coerência que nela se opera entre teoria e prática, reorienta a ação humana e vai dando bons frutos. O Robson, atento e crítico nas intervenções que faz durante as reuniões de pais, proibiu a filha de ver a novela. E o filho da Cleide já não assiste às aberrações do Big Brother. O pai do Maique vendeu a bicicleta de ir para o trabalho e ajudou a escola na compra de um violino para o seu filho. Aos treze anos, quando chegou à Escola Z, o Maique não conseguia sequer pegar num lápis. Os trabalhos da roça tornaram os seus dedos hirtos, as mãos calejadas difíceis de fechar. Hoje, já vai ensaiando acordes de bachianas partituras, enquanto aprende noções de Matemática e recebe lições de sensibilidade. O impulso criativo, da orquestra e do coral de jovens ganham raízes no propiciar às crianças a oportunidade do deslumbramento dos sentidos.
Sabemos que a transmissão de valores se dá pela convivência, pelo exemplo, pelo contágio emocional. Assim aconteceu com o Maicon, filho de pai, que não chegou a conhecer. Que viu a mãe ser assassinada por um traficante. Que assistiu a estupro e outras violências. Por ter sido violado, não controla o esfíncter anal. Naquela manhã, chegou cheirando a fezes, urina e suor. E não tardou a reincidir no xingamento e na agressão aos colegas.
O professor aproximou-se e abraçou-o… com firmeza. O Maicon tentou libertar-se do amplexo, estrebuchou, gritou. Quando se acalmou, o professor ficou a fitá-lo, em silêncio. Quando o Maicon tirou os olhos do chão, falou:
Tio, posso fazer uma pergunta?
Podes – respondeu o professor.
Posso dar-lhe um abraço? – Aquele corpo franzino colou-se ao peito do professor. E o inusitado questionamento repetiu-se:
Tio, posso fazer só mais uma pergunta? Posso?
Antes que o professor, visivelmente emocionado, pudesse responder, o Maicon acrescentou:
Por que foi que o tio chorou, quando eu o abracei?
Bastou um momento de carinho e firmeza, para que a reciclagem dos afetos acontecesse. Tem razão o Juarez, quando diz que não há tarefa impossível, quando ao desejo do coração se soma a verdade da intenção
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